Governo banca viagens de ongueiro amigo de Sônia Guajajara

O governo federal pagou 24 viagens, totalizando 66 dias, para Hone Riquison Pereira Sobrinho, mais conhecido como Hony Sobrinho, amigo pessoal da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

Hony é o ex-chefe de comunicação da Organização Não-Governamental (ONG), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). A ministra é ex-coordenadora da Apib.

Apesar de não ser funcionário público concursado ou temporário, Hony é apresentado como assessor do Ministério dos Povos Indígenas em reuniões e viagens oficiais.

O governo federal já bancou R$ 76,2 mil em passagens e diárias para Hony, que viajou com o MPI desde fevereiro de 2023. A informação foi divulgada pelo Metrópoles.

O edital do governo federal lançado em 2023 para combater o tráfico de drogas em terras indígenas oferecia R$ 100 mil para a organização que realizasse trabalhos de prevenção em várias aldeias de uma mesma região do país.

Os gastos com as viagens de Hony correspondem quase à totalidade desse projeto voltado à luta contra os entorpecentes.

Hony é incluído nessas viagens como “colaborador eventual”, uma categoria prevista na administração pública para pessoas sem vínculo com o governo, mas com “capacidade técnica específica” para a “execução de determinada atividade sob permanente fiscalização”.

Entre março de 2023 e fevereiro de 2024, Hony participou de pelo menos oito reuniões oficiais do governo federal, representando o MPI como assessor.

Ele esteve presente em encontros com figuras como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Rodrigo Agostinho, além de participar de reuniões sobre turismo em comunidades indígenas e planejamento anual da Apib .

As motivações apresentadas pelo Ministério dos Povos Indígenas para as viagens de Hony são variadas. Ele foi mestre de cerimônia durante uma visita técnica do MPI no Maranhão em abril de 2021, mas também já viajou como participante de assembleias, debatedor em mesas temáticas de seminários e até para tratar de temas delicados.

Em junho do ano passado, Sônia Guajajara designou Hony para acompanhar o conflito agrário na terra indígena Kinikinau, no Mato Grosso do Sul. Já no começo de abril de 2023, Hony foi enviado para verificar a situação do território Pyau Jaraguá, em São Paulo, após denúncias de ameaças de morte e invasões de não indígenas.

Em pelo menos quatro motivações de viagens, escritas em documentos oficiais, ele é chamado de “servidor”.

Procurado pelo jornal, Hony negou que se apresente como servidor em reuniões e eventos do ministério.

Fonte: https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/e01-brasil/governo-banca-viagens-de-ongueiro-amigo-de-sonia-guajajara