Após ataques de Musk à Justiça, conta bloqueada de Allan dos Santos volta ao ar

Depois de uma sequência de ataques feitos ao Judiciário brasileiro por Elon Musk, o bilionário dono do X (antigo Twitter), em que ele anunciou que desobedeceria ordens judiciais de bloqueio de pessoas acusadas de disseminar conteúdo criminoso, a conta de Allan dos Santos voltou a funcionar. Investigado no âmbito do inquérito das fake news, Santos é um dos principais nomes do ecossistema de difusão de notícias falsas da extrema direita brasileira e hoje vive foragido nos Estados Unidos.

Ele fez uma transmissão ao vivo para quase 10 mil usuários do X entre 22h e 23h deste domingo (7), em sua conta do canal “Terça Livre”.

Segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, Allan lançou diversos xingamentos a Moraes e declarou que retomará as atividades do “Terça Livre” dos Estados Unidos, prometendo transmissões diárias. Também afirmou  que, em futuras lives, trabalhará pela eleição de candidatos de direita nas eleições municipais de outubro.

A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) escreveu em seu perfil no X que estava conseguindo ver a live do “Terça Livre”, mas seguidores disseram que para eles a página aparecia como restrita.

Como informou a coluna de Juliana Dal Piva, no ICL Notícias, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), incluiu Musk entre os investigados no inquérito das milícias digitais, do qual é relator. A decisão tomada neste domingo (7) é uma reação ao fato de o empresário ter ameaçado não cumprir mais decisões judiciais do Brasil e atacar o Judiciário.

Moraes ainda determina que o X terá multa diária de R$ 100 mil por cada perfil reativado em desobediência a bloqueios determinados por  STF ou do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Musk defende golpistas

João Brandt, secretário de Políticas Digitais da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República, afirmou ontem que a postura de Musk mostra “desprezo pela Justiça brasileira”.

“[Musk] Responde politicamente ao buzz dos ultimos dias requentando decisões antigas e aproveita para fazer agitação e propaganda de extrema direita. É claro que pode haver opiniões diferentes sobre as decisões do STF e do TSE, mas não é disso que se trata. Musk resolveu defender golpistas e escalar o tema por motivos políticos (possivelmente também comerciais), provavelmente antecipando descumprimento da resolução do TSE para as eleições 2024”, avaliou.

Brandt lembrou ainda que o Twitter, sob a gestão do bilionário, deixou de cumprir suas próprias regras de moderação de conteúdo –o que aumentou a necessidade de medidas judiciais.