Piruinha, bicheiro de ‘Vale o Escrito’, vai a júri popular

O bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, de 94 anos, que passou a ser conhecido nacionalmente na série documental “Vale o Escrito“, do Globoplay, será julgado nesta terça-feira (9) pelo 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro pelo homicídio de Natalino José do Nascimento Espínola, conhecido como Neto, dono de uma loja de carros

Ele participará por videoconferência de sua casa, onde cumpre prisão domiciliar. Piruinha foi preso há dois anos em operação da Polícia Civil e do Ministério Público fluminense suspeito de mandar matar Neto, em julho de 2021, em Vila Valqueire, na Zona Oeste do Rio.

Segundo as investigações, a mando do bicheiro, o PM Jeckson Lima Pereira, então seu segurança, executou Neto. O MP aponta que a execução seria uma forma de punição pelo fato de não ter quitado uma dívida.

A família de Piruinha teria sofrido prejuízos milionários com o empreendimento de Neto em uma construtora. A filha do bicheiro, Monalliza Neves Escafura, passou a buscar o ressarcimento dos prejuízos. Ela é considerada foragida.

Segundo o MP, Piruinha “exerce, há décadas, o domínio do jogo do bicho em diversas regiões da cidade. Ainda arrenda outras áreas para exploração de jogos de azar para outros contraventores”.

Piruinha ganhou prisão domicilar após cair na cadeia

No fim de 2023, Piruinha sofreu uma queda no banheiro do presídio e, desde então, está preso com medidas cautelares em sua casa, devido a problemas de saúde.

Piruinha (da direita para a esquerda) ao lado de Mano Garcia, Castor de Andrade e Capitão Guimarães: parte da cúpula do bicho no Rio de Janeiro

Antes de ingressar no jogo do bicho, Escafura foi motorista de lotação, na década de 1950. Depois, passou a gerenciar as bancas da região da Piedade, Abolição e Inhaúma, região onde exerceu bastante influência no auge do jogo – e onde mora até hoje.

Nos anos 70, Piruinha controlava o jogo nas regiões de Madureira, Cascadura, Abolição, Piedade, Inhaúma e Maria da Graça. Foi um dos 14 bicheiros presos e condenados pela juíza aposentada Denise Frossard, em 1993, por formação de quadrilha. Piruinha e os outros bicheiros receberam a pena máxima de seis anos de detenção. Quase cinco anos depois, todos já estavam soltos.

Por não ser ligado a nenhuma escola de samba, nunca teve a mesma visibilidade, mas nem por isso era considerado menos violento. Explorava outras atividades além do jogo, como motéis em bairros da Zona Oeste.

Fonte: https://iclnoticias.com.br/piruinha-bicheiro-de-vale-o-escrito/