PM que agrediu lésbica no metrô disse que ela ia apanhar “como homem”

Foto: Reprodução/Instagram

Caso de homofobia ocorreu na Estação Luz, em São Paulo; policial foi identificado e afastado das ruas durante investigação

O policial militar que agrediu uma lésbica no metrô de São Paulo, na Estação Luz, neste domingo (7), disse que ela apanharia “como uma homem”, segundo a advogada da vítima, em relato ao G1, nesta segunda-feira (8).

No vídeo, divulgado pelo Fórum LGBT Mogiano, de Mogi das Cruzes (SP), é possível ver a mulher usando um short com as cores do arco-íris. Ainda conforme a advogada, Ana Marques, o PM também xingou a vítima de “sapatão”.

No boletim de ocorrência, a vítima conta que estava sentada na plataforma esperando o trem, quando o policial se aproximou, a puxou pela camisa, deu um tapa na cabeça, três tapas no rosto e um pontapé na costela. Nas imagens é possível escutar o PM gritando “abaixa a mão pra mim”, enquanto a vítima questiona o porquê da agressão. Antes de ser identificado, o policial embarcou no metrô.

“Ela não deveria estar ali com a perna balançando na via, era perigoso, mas ele [PM] deveria ter abordado de uma forma diferente. Ele não a abordou, já puxou pelo colarinho e começou a discutir. Ela estava usando uma bermuda com as cores da bandeira LGBT. Ele já disse para ela: ‘Já que você é homem, tem que apanhar igual a um homem’. E aí começou a desferir algumas agressões nela”, contou a advogada, que denunciou o caso como homofobia no  2° Distrito Policial do Bom Retiro.

Investigação

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo se posicionou sobre o caso no domingo (7), afirmando que repudia “veementemente o ato de violência perpetrado por um policial militar do governo Tarcísio contra uma jovem LGBT na estação Luz, em São Paulo. Tal conduta é inaceitável e fere os princípios mais básicos de respeito aos direitos humanos e à diversidade“.

A pasta também cobrou “respostas imediatas do governo do estado de São Paulo diante deste episódio lamentável. Queremos saber quais medidas serão tomadas para garantir que atos de violência e discriminação não se repitam, e que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados perante a lei”.

“É imprescindível que o Estado assuma sua responsabilidade na promoção da igualdade e no combate à violência, assegurando um ambiente seguro e inclusivo para todos os cidadãos e cidadãs”, acrescentou.

O episódio também foi levado à Ouvidoria das Polícias pelo presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Dimitri Sales.

Já nesta segunda-feira (8) a PM informou que identificou o policial e que ele foi afastado das ruas enquanto o episódio é investigado. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que costuma elogiar ações truculentas da sua polícia, aproveitou a deixa e comentou o caso para os meios de comunicação.

“A imagem choca. A gente repudia esse tipo de agressão, pede desculpas à sociedade, nós não vamos tolerar esse tipo de comportamento. Nós estaremos aqui sempre do lado da polícia, quando a polícia estiver combatendo o crime, tiver combatendo o bandido, nós vamos dar todo o respaldo. Agora agressão, desvio de conduta, falta de urbanidade no trato com as pessoas nós não vamos tolerar. Esse militar vai ser afastado das ruas, vai ser severamente punido e todo mundo que descambar para o lado da indisciplina, da conduta errada, daquela conduta que prejudica a instituição será severamente punido”, afirmou.

A advogada também informou que a vítima, que está em “estado de choque”, com ferimentos pelo corpo e pelo rosto, fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal nesta segunda-feira (8) e que uma denúncia também será feita na Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do estado de São Paulo.