Ibovespa ronda estabilidade e dólar sobe com cautela à espera de Copom

O Ibovespa rondava estabilidade nesta quarta-feira (8), em meio a uma nova bateria de balanços corporativos – incluindo BRF, GPA, Ambev, Carrefour Brasil e Telefônica Brasil -, enquanto os investidores aguardam decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ao final do dia.

Após abrir com tendência de queda, por volta das 11:30, a bolsa paulista passou a subir 0,02%, a 129.233,97 pontos, tendo como pano de fundo ainda o recuo dos futuros acionários norte-americanos, em mais um dia de agenda esvaziada no exterior.

O momento é de incerteza no atual ciclo monetário sobre o tamanho do corte a ser anunciado pelo Copom nesta quarta-feira.

Em sua última reunião, o Copom havia indicado manutenção do ritmo de 0,5 ponto, mas, desde então incertezas globais e domésticas levaram o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a abrir a porta no mês passado para uma desaceleração do passo de corte para 0,25 ponto, virando de cabeça para baixo as expectativas do mercado.

Antes certos da manutenção do ritmo de meio ponto, operadores de contratos futuros de juros passaram a embutir quase 90% de chance de ajuste mais cauteloso, de 0,25 ponto.

As expectativas do boletim Focus também viraram, e passaram a mostrar nesta semana redução de 0,25 ponto, de 0,50 antes.

Divididos, economistas consultados em pesquisa da Reuters acreditam em sua maioria numa desaceleração para 0,25 ponto, embora parcela expressiva aposte na manutenção do passo de 0,50 ponto visto nas últimas seis reuniões.

Dólar

Também movida pela cautela no cenário doméstico e exterior, a moeda norte-americana acelerava ganhos neste pregão.

Na mesma hora, o dólar subia 0,32%, a R$ 5,086.

“O mercado segue em cautela, aguardando a decisão do Copom, agendada para hoje. O mercado deseja saber quais os indicativos de próximos passos para ancorar as expectativas de juros que impactam a economia como um todo”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

Em teoria, um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil seria positivo para o real, uma vez que isso preservaria melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo investidores estrangeiros.

No entanto, muitos participantes do mercado têm alertado que, caso eventual decisão do BC de desacelerar o afrouxamento seja motivada por elevadas incertezas fiscais, isso poderia anular o efeito positivo para o real, já que a saúde das contas públicas também é um fator levado em consideração para decisões de investimento.

“No pano de fundo [da reunião do Copom], o impacto da situação de calamidade no Rio Grande do Sul na economia continua sendo uma fonte de preocupação, especialmente diante do cenário fiscal desafiador e da deterioração das expectativas de inflação”, disseram economistas da Guide Investimentos em relatório a clientes.

Enchentes devastadoras que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram ao menos 95 mortos e 128 desaparecidos, segundo o balanço mais recente da Defesa Civil do Estado, enquanto sobreviventes enfrentam escassez de alimentos e suprimentos básicos.

Frente à tragédia, o Congresso aprovou na terça-feira (7) o projeto de decreto legislativo que reconhece o estado de calamidade no Rio Grande do Sul, abrindo caminho para o envio de recursos federais ao Estado sem que isso afete a meta fiscal do governo ou implique descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista fechou o dia cotada a R$ 5,0681 na venda, em leve baixa de 0,13%.

*Com informações de Reuters

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/mercado/hoje-8-maio-2024/