Preço do leite deve subir com impactos das chuvas no RS, aponta Cepea

Entre os diversos segmentos da economia gaúcha que estão sendo impactados pelas chuvas no estado, o setor lácteo é um dos principais afetados, aponta relatório divulgado na terça-feira (7) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-Esalq/USP).

Com o impacto no setor, que vai da cadeia de produção até a parte logística, os preços ao produtor podem se comportar fora do usual e há uma tendência de alta para os próximos meses, mostra o levantamento.

“Há laticínios que interromperam a produção, seja por danos causados em suas estruturas industriais, falta de energia elétrica ou pela impossibilidade de efetuar a captação do leite cru nas fazendas”, descreve o relatório.

Com a magnitude do problema, pode haver um impacto na inflação ao consumidor “a nível Brasil”, segundo Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena.

A produção de leite no estado fica forte a partir da metade de abril, alimentando a oferta do período de maio a julho. O intervalo marca a entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste, de modo que a produção do Sul acaba suprindo a demanda dessas regiões.

“Há grande dificuldade de escoamento, o que compromete o abastecimento não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em outros estados”, afirma o Cepea.

Contudo, devido a amplitude dos danos, ela diz que ainda não é possível mensurar o peso da alta.

O relatório do Cepea aponta que “os prejuízos são visivelmente enormes”, mas também reforça ainda não podem ser mensurados.

Tamanho do estrago

O Cepea afirma que a falta de energia, sobretudo, é um problema central para toda extensão do setor.

“No campo, impede a automação da ordenha e o resfriamento do leite; na indústria, o processamento dos lácteos e sua conservação. Fazendas e laticínios que seguiram operando contaram com geradores e combustível para sua alimentação. A falta desses itens inviabiliza a produção do leite cru e dos lácteos em muitas regiões do estado nesse momento”, diz.

Contudo, o problema ainda pode se agravar uma vez que o abastecimento de combustível no estado também foi afetado pelas chuvas, chegando ao ponto de uma refinaria da Petrobras ficar inacessível e uma distribuidora responsável por 30% do gás de cozinha do RS ser interditada.

Devido os pontos de bloqueios nas estradas, o Cepea reforça que há um problema geral na circulação de insumos. Tanto para escoar o que é produzido quanto para, por exemplo, captar a ração para os animais.

De acordo com o relatório, há relatos de racionamento e menor produção devido à má alimentação do rebanho; e até descarte de leite no campo.

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/preco-do-leite-deve-subir-com-impactos-das-chuvas-no-rs-aponta-cepea/