29º Congresso da UMES convoca estudantes à luta contra o corte de R$ 9 bilhões na Educação de SP

“Vamos nos mobilizar ainda mais para barrar os cortes que o Tarcísio e o Feder querem fazer na Educação do Estado de São Paulo”, defendeu a nova presidente da UMES, Valentina Macedo 

O 29º Congresso da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) reuniu, na última quarta-feira (18), lideranças de toda a capital paulista na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, em repúdio ao corte de mais de R$ 9 bilhões de Tarcísio na Educação de São Paulo e em defesa de um Ensino Médio que tenha compromisso com a juventude e com o desenvolvimento do país.

Representantes eleitos em mais de 200 escolas da cidade aprovaram a pauta de reivindicações e a nova diretoria da maior entidade secundarista da América Latina e que irá liderar a luta dos estudantes no biênio 2024-2026.

A abertura do Congresso contou com representantes de importantes segmentos dos movimentos sociais de São Paulo. Lucca Gidra, que conduziu a entidade durante o mandato anterior, relembrou em seu discurso as conquistas dos estudantes da cidade neste último período. 

“Desde o 11 de agosto de 2021, no Dia do Estudante, na primeira manifestação pós-pandemia, lutamos contra o fascismo de Bolsonaro. E a gente não sabia se iríamos ser vitoriosos, ou não. Nós lutamos contra Bolsonaro nas ruas e aprovamos a nossa campanha para que os estudantes tirassem os seus títulos de eleitor”, disse.

“Temos orgulho de ter iniciado uma campanha para que a juventude mostrasse nas urnas o seu repúdio a Bolsonaro. Iniciamos nossa campanha nas escolas e 11 mil estudantes tiraram os seus títulos de eleitor e contribuíram para derrotar o fascismo. À campanha dos estudantes, se somaram os movimentos sociais, intelectuais e artistas e o resultado foi de que mais de 2 milhões de jovens de 16 a 18 anos exercessem o direito ao voto nas eleições”, ressaltou Lucca.  

“Estou relembrando isso para mostrar a força das decisões que tomamos. A luta faz a lei. É ela que resolve nossos problemas. Não estamos aqui prometendo nenhum ‘sonho de brigadeiro caseiro’ e nenhum ‘projeto de vida’, mas viemos falar que se a gente se organizar, se a gente lutar, a gente consegue mudar o nosso futuro. A gente consegue mudar a nossa Educação”, enfatizou.    

“O congresso de hoje serve para a gente pensar qual o caminho das escolas estaduais, federais e municipais da cidade, qual caminho da Educação, qual o caminho para o Brasil. Uma coisa é certa: o Brasil tem muito inimigo. Tem muita gente querendo atacar a nossa educação. O Brasil, que é um país rico, gigante pela própria natureza, está sendo apequenado pelo mercado financeiro, pelo déficit zero, pelo arcabouço fiscal. Está sendo roubados aos bilhões, pelas altas taxas de juros do Banco Central. Foram mais de R$ 700 bilhões destinados para os juros no último ano. Enquanto o dinheiro da educação representa só 2% do orçamento federal”, destacou. 

“Não podemos aceitar isso. O dinheiro do suor do povo brasileiro tem que vir para a educação, para a saúde e para o desenvolvimento do país”, pontou o líder estudantil.

A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Jade Beatriz, levou uma mensagem de apoio à luta dos estudantes de São Paulo contra os cortes de Tarcísio na Educação e na resistência ao avanço da extrema direita.

“São Paulo não pode ser laboratório do bolsonarismo”, destacou a líder estudantil em sua fala, relembrando os retrocessos de Tarcísio e Feder na educação e a sua lógica privatista que visa destruir o Estado. 

Ela também destacou a necessidade de lutar para a garantia do orçamento da Educação. “Não queremos somente o ‘básico’, temos direito a muito mais e vamos lutar por isso”, disse. 

ORÇAMENTO FEDERAL DA EDUCAÇÃO AMEAÇADO

O ex-secretário de Educação, César Callegari, também saudou os estudantes pelo seu grandioso encontro. Ele alertou para o risco da retirada da obrigatoriedade da execução do orçamento da Educação prevista da LDO apresentada pelo governo federal.

“Este congresso é da maior importância porque a educação brasileira só avança pela luta. Novamente os inimigos da educação estão sabotando as condições e os direitos dos estudantes brasileiros.

“Agora mesmo, nós vimos a apresentação da Lei de Diretrizes Orçamentárias do governo federal. Somente com a luta vamos continuar defendendo as garantias constitucionais de financiamento da educação brasileira”, alertou o especialista.

“Estamos falando do dinheiro fundamental para que possamos garantir salários e condições de trabalho para professores da educação básica, da creche ao ensino médio e técnico. Somente com os recursos da educação é que vamos ter condições de garantir uma escola bem equipada, bem preparada, para que a educação seja de fato um direito de todos”, enfatizou.

DERROTAR O AVANÇO DA EXTREMA DIREITA

O presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (SINPEEM), professor Claudio Fonseca, destacou a “força da juventude organizada na luta em defesa da educação pública, gratuita, laica e de qualidade social para todos e em todos os níveis”. 

Cláudio reforçou ainda a necessidade de luta em defesa da água, que está ameaçada de privatização pelo governo de São Paulo. “É necessário defender a água com a mesma força que lutamos em defesa da Educação”, ressaltou o líder trabalhador, convocando os estudantes a se somarem à luta em defesa da Sabesp e contra as privatizações. 

“Vemos um crescimento da extrema direita na cidade de São Paulo e é importante  nestas eleições que os jovens exerçam o seu direito de voto para derrotar a extrema direita. Vamos exercer a democracia e, em outubro, vamos derrotar a extrema direita e votar em candidatos que podem derrotar o extremismo”, concluiu.

Centenas de estudantes eleitos em mais de 200 escolas participaram do Congresso – Foto: César Ogata/UMES

GOVERNO QUE  NÃO SE IMPORTA COM A EDUCAÇÃO, É INIMIGO DO BRASIL

O presidente do Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo, Chico Poli, saudou o tema do 29º Congresso da UMES: “Detonar os inimigos da Educação e do Brasil” e ressaltou a necessidade de lutar contra os ataques de Tarcísio e Feder na Educação de São Paulo. 

“Estamos diante de um governo que defende um corte de mais de R$ 9 bilhões na Educação e, ao mesmo tempo, propõe a criação de escolas cívico-militares sem qualquer objetivo de melhoria das condições. Este é o mesmo governo que mantém, ainda hoje, mais de 50 escolas de lata em todo o Estado e agora pretende entregar 33 escolas a uma parceria público privada”, criticou.

“Enquanto isso, mantém os professores mal remunerados e sem condições de trabalho”, alertou.

Chico relembrou ainda a situação de baixo investimento em educação do Brasil. “Um dos países mais ricos do mundo, a 9ª economia do mundo, mas que é o 87º lugar no ranking da Educação”.  

“Educação não é gasto, é investimento. Quem acha que Educação custa caro, experimenta a ignorância.Governos que não se importam com isso são inimigos do Brasil”, pontuou Chico Poli 

José Faggian, presidente Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do estado de São Paulo (Sintaema), agradeceu aos estudantes pela luta em defesa da água desde o início da luta contra a privatização da Sabesp. 

Ele ressaltou as ameaças de Tarcísio a São Paulo com sua política de estado mínimo. “Tarcísio ameaça a privatização da segurança, dos presídios, linhas do Metrô, da CPTM e da Sabesp. É importante que a gente entenda que estamos em um projeto de estado mínimo que não é de interesse da classe trabalhadora”, disse. 

“Quem precisa de transporte coletivo, educação pública, transporte de qualidade, são os trabalhadores e seus filhos. Os estudantes têm papel fundamental para resistir a esse projeto”, completou.

Valentina Macedo, estudante do Ensino Técnico, foi eleita presidente da UMES – Foto: César Ogata/UMES

VALENTINA MACEDO, NOVA PRESIDENTE 

Ao final do congresso, os representantes das mais de 200 escolas da cidade de São Paulo presentes no 29º Congresso da UMES, elegeram a estudante Valentina Macedo para liderar a luta contra os cortes na Educação de São Paulo e pela construção de um Ensino Médio do tamanho dos sonhos da juventude. 

Estudante da ETEC José Rocha Mendes, Valentina Macedo tem 19 anos e terá a responsabilidade de liderar a principal entidade secundarista da América Latina para a gestão 2024-2026.

Em seu discurso, Valentina destacou a necessidade de lutarmos contra o corte de mais de R$ 9 bilhões no Orçamento da Educação, planejado por Tarcísio e Feder, que está em pauta na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).   

“Vamos nos mobilizar ainda mais para barrar os cortes que o Tarcísio e o Feder querem fazer na Educação do Estado de São Paulo. Cada estudante aqui vai chegar na sua escola amanhã para conversar com os estudantes e mostrar os motivos de precisarmos aumentar o investimento na Educação”, disse a nova presidente da UMES.

“Precisamos olhar para o futuro e lutar agora, no presente. Vamos com tudo! Essa gestão está só começando!”, conclamou.

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