Artistas e políticos se despedem de Ziraldo, um dos maiores escritores e cartunistas do Brasil

Ziraldo, criador de personagens que marcaram a literatura infantil, como o Menino Maluquinho e a Turma do Pererê, era também jornalista, humorista e caricaturista.

O desenhista e escritor Ziraldo, um dos maiores nomes da literatura infanto-juvenil no Brasil, morreu hoje, aos 91 anos, no Rio de Janeiro. De acordo com a família do artista, Ziraldo morreu dormindo, na tarde deste sábado, no apartamento onde morava, na Lagoa.

Ziraldo, criador de personagens que marcaram a literatura infantil, como o Menino Maluquinho e a Turma do Pererê, era também jornalista, cartunista, humorista e caricaturista.

Na década de 60, foi um dos fundadores e diretor do jornal “O Pasquim”, ao lado de nomes como Millôr Fernandes, Henfil e Jaguar. Com humor, entrevistas, charges, “O Pasquim” marcou época como um importante veículo de combate à ditadura.

Por sua participação no jornal, logo após o Ato Institucional Número Cinco (AI-5) da ditadura, em 1968, Ziraldo foi detido e levado ao Forte de Copacabana.

O mineiro de Caratinga era o mais velho de uma família de sete irmãos, e publicou seu primeiro desenho aos 6 anos no jornal A Folha de Minas.

A partir da década de 50 iniciou sua carreira, com publicações em jornais e revistas como A Folha de Minas, as revistas A Cigarra e O Cruzeiro, e Jornal do Brasil, onde publicou charges políticas e cartuns.

Ainda na década de 50, Ziraldo se formou em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, casou com a namorada de longa data, Vilma Contijo, e em 1960 lançou a primeira revista em quadrinhos de um só autor no Brasil, a Turma do Pererê.

A revista, a primeira história em quadrinhos a cores totalmente produzida no Brasil, de cunho folclórico, que trazia como personagem principal um pequeno índio e vários animais como jabuti, onça, coelho e tatu, foi um enorme sucesso e alcançou uma das maiores tiragens na época. Com o golpe de 1964, a revista teve sua publicação interrompida.

Na década de 70, a Editora Abril relançou a revista e, mais tarde, a publicação ganhou edições encadernadas e em formato de almanaque.

Em 1960 Ziraldo recebeu o “Nobel” Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, importante premiação da imprensa da América Latina. Em 2016 o artista recebeu a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais.

Ziraldo é pai da cineasta Daniela Thomas, de Fabrizia e do compositor Antonio Pinto.

Pelas redes sociais, artistas, políticos escritores se despediram de Ziraldo, com diversas homenagens. “O Brasil perdeu neste sábado, 6/4, um de seus maiores expoentes da cultura, da imprensa, da literatura infantil e do imaginário do país”, escreveu o presidente Lula.

“Chargista, caricaturista, escritor e jornalista, o mineiro Ziraldo é nome onipresente na cultura popular brasileira. O Menino Maluquinho, seu personagem mais conhecido, povoou mentes e a imaginação de crianças de todas as idades em todas as regiões. Um livro que virou filme, peças, pautou músicas e vem sendo passado de pais para filhos como sinônimo de inocência, curiosidade e beleza, além de um olhar esperançoso em relação aos imensos potenciais do mundo em que vivemos. São inúmeras e diversas as contribuições de Ziraldo, seja com a turma do Pererê, em seu trabalho à frente do Pasquim, nos anos da ditadura, em livros inesquecíveis, como Flicts, e num extenso trabalho em revistas e jornais brasileiros. Na defesa da imaginação, de um Brasil mais justo, com democracia e liberdade de expressão. Nesse momento de imensa tristeza, me solidarizo com os familiares, amigos, parentes e fãs de Ziraldo”, escreveu.

O autor da Turma da Mônica, Mauricio de Souza disse: “Que tristeza! Não tenho palavras. Perdi mais que um grande amigo. Perdi um irmão. Das letras, dos traços e da vida! Mas ele estará sempre em meu coração. E nos corações de milhões de brasileiros maluquinhos de todas as idades, que seguirão apaixonados por sua obra. Viva, Ziraldo!”.

Para a ministra da Cultura, a cantora Margareth Menezes, foi “uma perda irreparável”. “Ziraldo foi uma fonte de inspiração. Lembro-me do tempo em que participei de uma montagem baiana da peça ‘O Menino Maluquinho’. Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Obrigada por tudo, Ziraldo. Sua partida deixa um vazio imenso”, disse.

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