O que houve no Primeiro de Maio

O que será que está por trás da falta de público no 1º de Maio das centrais em SP? Nada! A convocatória não convoca nada. Mais parece um prospecto imobiliário.

Nada sobre a luta dos servidores federais, há sete anos sem reajuste. Nada sobre a revisão da aposentadoria da vida toda. Nadinha sobre a proposta indecente para os motoristas de aplicativos, que, para ganhar o salário mínimo, terão que trabalhar 12 horas por dia.

Nada sobre a reestatização da Eletrobrás, sobre o reinvestimento dos lucros da Petrobrás. Nada sobre a mixaria do aumento no salário mínimo. Apenas uma melhora aqui, outra acolá.

O Brasil está preso a uma camisa de forças. Tem as maiores taxas de juros do mundo. Há 30 anos a dívida pública era de R$ 300 bilhões. Hoje, é de R$ 6,4 trilhões. Na presidência do Banco Central tem um poodle amestrado por gerações pelo rentismo. Em 2023, só de juros, ou seja, o preço da dívida, foram R$ 800 bilhões, que são agora garantidos pelo teto de gastos e pelo déficit zero.

É através dessa artimanha que acontece a parte principal do assalto ao trabalho dos brasileiros. É dessa forma que os monopólios financeiros se apropriam cada vez mais dos recursos nacionais e fazem a devida distribuição aos credores. Boa parte dos petistas ainda tem ilusões de desenvolver o país com capital estrangeiro. É o social desenvolvimentismo.

Esta derrama pós-moderna condiciona a nossa política econômica. Simples assim: em vez de economizarmos o máximo de recursos para o investimento público, no fortalecimento da indústria nacional e na pesquisa e inovação, em creches, escolas, etc, vamos economizar, “cortar na carne”, desfazer de patrimônios estratégicos para o pagamento dos juros absurdos. Vamos cortar nas aposentadorias, na Educação, Saúde, mobilidade urbana, etc. Cortar do povo para pagar o que já pagamos dez vezes.

Sobre esse assalto do rentismo aos cofres públicos, o silêncio é quase total.

A consigna “Por um país mais justo” não quer dizer nada. É como se a origem das injustiças estivesse na própria nação. Dirigentes partidários, sindicais, deputados, vereadores, em atos e comemorações, ao não denunciarem o assalto que o povo é vítima, estão perdendo seu tempo. Jogando conversa fora.

CARLOS PEREIRA

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