Menino de 4 anos com dengue morre após mais de 7 horas de espera em UPA na Zona Leste de São Paulo

Na última quinta-feira (2), uma criança autista de quatro anos morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo. A família acusa a unidade de demora e falhas. Ele foi levado três vezes ao local. Em todas, apesar de ser paciente prioritário, ficou mais de cinco horas para conseguir atendimento.

De acordo com parentes, o menino foi levado ao PS com sintomas de dengue, mas nenhum exame foi realizado na primeira vez.

Ele foi diagnosticado por uma médica com inflamação na garganta, que prescreveu o uso de antibiótico.

O quadro se agravou e a família procurou novamente a UPA. Desta vez, foi feito o teste e ele positivou para a dengue.

A criança recebeu uma medicação venosa e começou a passar mal. Os pais relataram ao jornal SPTV, da TV Globo que começaram a notar que o filho estava ficando roxo e correram em busca de um médico. O profissional encontrado, porém, disse que não poderia ajudar pois estava atendendo outro paciente.

Depois do ocorrido, os pais notaram que Heitor estava começando a fechar os olhos e, com isso, invadiram uma sala médica dizendo que o filho estava morrendo. Pelo menos cinco médicos correram para tentar salvar o menino, mas não conseguiram e a criança morreu. A família registrou boletim de ocorrência no 64º DP.

FISCALIZAÇÃO

Esse caso ocorreu dias depois de a Prefeitura de São Paulo ter suspendido a fiscalização das Organizações Sociais de Saúde (OSS), entidades privadas que gerenciam equipamentos públicos de saúde. Atualmente, todos os 96 bairros da capital tem unidades gerenciadas pelas OSS, onde enfrentam a epidemia de dengue, e as unidades de saúde da cidade seguem superlotadas.

A suspensão acontece enquanto a capital enfrenta a epidemia de dengue com todos os bairros em situação de emergência e as unidades de saúde superlotadas. A portaria da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) também autorizou a redução do percentual dos indicadores e metas de produção e qualidade de 90% para 85% pelo mesmo período.

A interrupção é de 180 dias e tem efeito retroativo, já que vale janeiro a junho de 2024. As OSS ficam com mais da metade do orçamento da saúde na cidade de São Paulo.

O documento foi assinado pelo secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, que não se pronunciou. Marcelo Takano, coordenador do programa Avança Saúde, afirmou que a prefeitura está apenas fazendo a revisão de alguns itens.

“Não se trata de suspensão da fiscalização. A portaria deixa de forma clara o caráter transitório de reavaliar esses indicadores para que a gente consiga alcançar o objetivo. O indicador não foi feito só para pagar ou descontar. O indicador tem que ser um indicativo de qual a política pública que a gente tem que adotar para alcançar o melhor resultado”, afirmou Takano.

Quando a administração de hospitais e equipamentos de saúde foi transferida para as OSS, a promessa era de que o serviço ficaria melhor, mais rápido e mais eficiente, mas não é o que a população sente. No último dia 23, dezenas de macas ocupavam diversos corredores no Hospital do Campo Limpo, na Zona Sul, gerenciado pela OSS Cejam.

Mulheres e homens, alguns seminus, ficaram no mesmo espaço. Uma reportagem do jornal SPTV esteve no hospital, e flagrou um paciente psiquiátrico que estava amarrado numa maca, no meio de todos os outros, gritando.

No mesmo dia, a reportagem visitou uma UPA no mesmo bairro, gerenciada pela OSS Albert Einstein. As condições também eram ruins, por causa da superlotação, havia um paciente aguardando para ser atendido sentado no chão.

Os depoimentos de pacientes vão todos no mesmo sentido: “Esperou umas três horas pra passar na triagem”, “Esses dias, passei com minha menina aqui, estava horrível”, “É muita gente passando mal”.

Na última segunda-feira (29), a reportagem esteve na UPA de Perus, na Zona Norte. O gerenciamento é da OSS SPDM. A situação é a mesma das outras unidades de saúde: superlotação e horas de espera.

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