Policiais são filmados recolhendo objetos de local onde criança foi baleada no olho em Paraisópolis

Um vídeo gravado por moradores da comunidade de Paraisópolis e divulgado nas redes sociais nesta quarta-feira (17) flagrou policiais militares recolhendo objetos na rua onde uma criança de 7 anos foi ferida por bala na comunidade na Zona Sul de São Paulo.

Nas imagens, é possível ver que pelo menos dez policiais fazem uma varredura na Rua Ernest Renan, onde a criança foi atingida no olho.

No vídeo, filmado de um ângulo que mostra os PMs de cima, os agentes aparecem andando pela rua observando o chão devagar enquanto conversam. Eles agacham em alguns momentos, apontam para diferentes lados e pegam itens no chão.

O menino de sete anos foi ferido no olho durante uma ação da Polícia Militar na comunidade de Paraisópolis, na manhã desta quarta. Ele estava a caminho da casa da babá quando foi atingido por um disparo de raspão ou estilhaços de um tiro na Rua Ernest Renan.

A criança foi encaminhada para a AMA Paraisópolis. Funcionários da unidade informaram que ele foi socorrido às 7h50 e transferido por volta de 9h para o Hospital do Campo Limpo.

Segundo a mãe do menino, o estado de saúde dele é estável. Ela está com o filho no hospital. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que o menor K.V.F., atendido inicialmente na Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Paraisópolis, foi prontamente transferido para o Hospital Municipal Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo), onde se encontra estável recebendo todos os cuidados necessários.

FRAUDE PROCESSUAL

Segundo o ouvidor da polícia de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, o registro sinaliza uma “tentativa muito grave de fraude processual” e, por isso, ele vai pedir à Corregedoria da PM que os agentes envolvidos na ocorrência sejam afastados das ruas.

“[Eles parecem procurar ou recolher] estojos de projéteis de arma de fogo. A gente encara isso com muita gravidade. Isso sinaliza uma tentativa muito grave de fraude processual e, em razão disso, a gente está pedindo o imediato afastamento dos policiais envolvidos na ocorrência e pedindo que a Corregedoria avalie também o afastamento dos policiais que estavam envolvidos nessa tentativa de fraude processual”, declarou Silva.

A corporação afirmou, por meio de nota, que policiais estavam fazendo patrulhamento na comunidade quando foram recebidos por tiros na Viela Passarinho.

Segundo a PM, os policiais intervieram e os suspeitos fugiram. Após a ação, foi constatado que uma criança estava com um ferimento na cabeça.

“Todas as circunstâncias dos fatos estão sendo apuradas para investigar a origem do ferimento da criança. Mais informações serão fornecidas ao término do boletim de ocorrência, que está sendo registrado no 89º DP”, disse a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

No registro da ocorrência, os policiais afirmaram que “tomaram conhecimento que o ferimento apresentado na criança é superficial e pode ter sido em decorrência dos estilhaços ou de uma queda.”

OPERAÇÃO ESCUDO

O governo de São Paulo retomou a Operação Escudo no litoral de São Paulo. A medida ocorreu após o soldado Luca Romano Angerami, de 21 anos, ter desaparecido na madrugada de domingo (14) na Baixada Santista. A informação foi confirmada à TV Globo pelo porta-voz da PM, o coronel Emerson Massera, na noite desta terça (16).

“A Operação Escudo já foi retomada com todo rigor. A tendência é que ela seja ainda mais reforçada. Nós não descansaremos enquanto os responsáveis por esse crime sejam identificados e respondam efetivamente por ele”, disse Massera. 

A Operação Escudo foi deflagrada na região em julho de 2023, depois da morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis. Na ocasião, o agente foi baleado durante patrulhamento em Guarujá (SP).

Nos 40 dias de duração, segundo divulgado pela Secretaria da Segurança Pública à época, 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em supostos confrontos com policiais.

A ação foi alvo de críticas de especialistas na área de segurança pública e entidades de defesa dos Direitos Humanos por conta dos abusos e da violência policial.

Meses após o encerramento da Escudo, o governo iniciou, em dezembro daquele mesmo ano, uma nova ação no litoral, batizada de Operação Verão. A segunda operação durou quatro meses e foi encerrada no dia 1° de abril, com 56 mortes em confrontos com a polícia.

As mortes cometidas por PMs subiram em 86% no 1º trimestre de 2024, o segundo ano de mandato do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Além disso, agentes dispararam 188 vezes contra três suspeitos no litoral paulista, assim como noticiou a informação de que uma câmera corporal estava descarregada após confronto com morte na Operação Verão.

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