Vereadores de São Paulo marcam audiências públicas para debater privatização da Sabesp

A Câmara Municipal de São Paulo realizará uma série de audiências públicas sobre o contrato de prestação de serviço de abastecimento de água e esgoto na capital. Em março, foi apresentado Projeto de Lei (PL) 163/2024, que trata do contrato do serviço de água e esgoto. Na última terça-feira (9), o debate teve início na reunião do Colégio de Líderes e se estendeu para a Sessão Plenária.

Durante o debate, foi colocado o calendário das Audiências Públicas que irão discutir a proposta com a sociedade civil. De acordo com o parlamentar, o cronograma dos debates será publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (10).

O vereador Rubinho Nunes (União) explicou que inicialmente a Comissão de Política Urbana irá realizar cinco audiências. As datas e os horários agendados são nos dias: 15/4, às 17h; 17/4, às 11h; 18/4, às 17h; 22/4, às 11h e 24/4, às 11h. Os locais ainda serão definidos. “O nosso objetivo é fazer um amplo debate dentro da Comissão de Política Urbana”.

O vereador Milton Leite (UNIÃO), presidente do Parlamento paulistano, pediu para que ao menos duas Audiências Públicas sejam feitas fora da Câmara Municipal. “Eu estou solicitando, dentro do prazo regimento, se é possível se deslocar, em especial, em dois lados da (represa) Guarapiranga: Um no Jardim Vera Cruz, onde está o esgoto, e o outro ao lado do córrego São José”.

Milton Leite também fez algumas considerações sobre o tema. Ele entende que com base nos estudos apresentados pelo governo estadual, a Prefeitura deve contratar uma empresa para analisar se o modelo econômico proposto é benéfico para a capital.

“Que avalie com clareza e dê total transparência, além do trabalho que faremos. Que uma empresa independente de avaliação possa dizer se para este modelo que está aqui, hoje, há vantagem ou desvantagem para a Prefeitura”, afirmou Milton.

Líder do governo na Casa e vice-presidente da Comissão de Política Urbana, o vereador Fabio Riva (MDB) lembrou que o projeto teve parecer de legalidade aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ) na tarde da última segunda (8). Riva disse ainda que está aberto para receber contribuições dos vereadores.

“Não é um projeto terminativo. Nós temos a possibilidade de modificar, suprimir e melhorar o projeto. E essa oitiva com a sociedade nas Audiências Públicas vai dar a clareza necessária para mostrar o que trazemos de ganho à população paulistana ou se mantemos da forma que está”, falou Fabio Riva.

Ainda durante a reunião dos líderes, o vereador Sidney Cruz (MDB) foi informado que será transferido para a Comissão de Política Urbana para ser o relator da matéria. Sidney esteve à frente da Comissão Especial de Estudos Relativos ao Processo de Privatização da Sabesp, criada na Câmara Municipal de São Paulo no fim do ano passado para analisar a concessão da Companhia à iniciativa privada.

“Nos aprofundamos no tema, apresentamos sugestões e fizemos vários apontamentos. Gostaria de fazer um pedido ao presidente da Comissão de Política Urbana para que seja apensado o nosso relatório. O relatório traz informações importantes para ajudar os vereadores e as vereadoras a tomarem uma decisão”, disse Sidney, se referindo ao relatório final aprovado pela Comissão de Estudos em 21 de março.

Após a reunião, além das cinco datas anunciadas no Colégio de Líderes, foram incluídos outros dois debates, a serem realizados em dois sábados: Um no dia 20/4, às 9h, em Marsilac, e outro do dia 27/4, às 9h, na represa de Guarapiranga.

CONTRA A PRIVATIZAÇÃO

O assunto também se estendeu para o Plenário da Câmara Municipal de São Paulo. Na sessão, o vereador Alessandro Guedes (PT) se posicionou contra a proposta do governo do Estado em conceder a Sabesp à iniciativa privada. “A privatização da Sabesp só é interessante aos empresários se a cidade de São Paulo estiver dentro desse contrato, porque a capital representa quase 50% do faturamento da empresa”.

Para Guedes, “a privatização não é a solução. A solução é investir o lucro que a Sabesp dá em melhoria na qualidade do seu serviço e aí sim temos uma empresa pública de mais qualidade ainda”.

A líder da bancada do PSOL na Câmara, vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), também subiu à tribuna do Plenário 1º de Maio para defender que a Sabesp continue sendo uma empresa estatal. Segundo ela, caso a Companhia seja privatizada, o abastecimento de água na cidade será prejudicado e o valor da tarifa irá aumentar.

“É muito lamentável que a cidade de São Paulo insista na privatização de água diante de tudo que estamos passando, por exemplo, com a Enel aqui na capital”, falou Elaine. “Queremos fazer mesmo da Sabesp, desse serviço tão essencial para a população de São Paulo, a mesma coisa que aconteceu com o serviço de eletricidade aqui na cidade?”.

A Sabesp é uma empresa pública do Estado, que detém 50,3% das ações da Companhia. Com a concessão, o governo deixaria de ser o acionista majoritário, ficando com uma porcentagem menor, entre 15% e 30%.  Além da capital, ela opera em 375 municípios paulistas.

O Projeto de Lei que propõe a privatização da Sabesp foi aprovado pelos deputados da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) em 6 de dezembro de 2023 e sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas (REPUBLICANOS) por meio da Lei n° 17.853/2023.

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