Evento em Mossoró expõe irritação com Aldo Medeiros

“Um evento que poderia ter servido para unir a advocacia local acabou sendo apagado pela ausência de consciência institucional. Acho que a advocacia de Mossoró foi subestimada”, afirmou a advogada Rossana Fonseca, ao falar sobre uma quebra de protocolo ocorrida durante a inauguração da Casa da Advocacia em Mossoró, na segunda-feira 22, quando o presidente da subseccional da Ordem dos Advogados do Brasil no município, Hermeson Pinheiro, foi “impedido” de falar.

O fato causou descontentamento na maioria dos presentes e foi considerado antidemocrático.
“Cercear a fala do presidente Hermeson é o mesmo que cercear a voz da advocacia, afinal de contas, ele é o representante de toda a advocacia de Mossoró e região. Sem falar nas autoridades que foram prestigiar o evento e não tiveram suas presenças reconhecidas. Vi tudo isso com muita tristeza. Acho que a advocacia de Mossoró foi subestimada, como se eles não fossem perceber tamanha desconsideração”, lamentou.

Inauguração da Casa da Advocacia em Mossoró aconteceu na segunda – Foto: Reprodução

Além do cerceamento da fala do presidente da OAB Mossoró, outro fato que gerou burburinho e insatisfação em diversas autoridades presentes ao evento foi o tratamento dispensado ao diretor do Fórum local, o juiz Breno Valério, e à reitora da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), Cicília Raquel. Conforme o colunista do AGORA RN Saulo Spinelly detalhou em sua coluna desta quarta 24, ambos foram recepcionados “de maneira descortês”, e não reconhecidas em sua importância.

Para Rossana, os acontecimentos ocorridos no evento – que contou com a participação do presidente nacional da OAB, Beto Simonetti e do presidente da OAB-RN, Aldo Medeiros –, são prova de que a OAB no Rio Grande do Norte está passando por uma crise institucional grave. A entidade é presidida por Aldo Medeiros.

“E o que aconteceu talvez tenha sido a gota d’água. A OAB estadual vem desvalorizando e desrespeitando toda a advocacia de Mossoró quando, por repetidas vezes, tem ido à cidade e, ao invés de procurar o presidente Hermeson para entender e discutir as necessidades locais, faz reuniões a portas fechadas em escritórios de advocacia privados, sem a presença do representante da advocacia da região”, falou.

Para Rossana, “nada impede que os escritórios sejam visitados, mas não há desculpas para que a Diretoria da OAB-RN vá à Mossoró e não procure o presidente local para ouvir, entender e discutir as questões locais com quem representa os advogados e advogadas da região. Afinal, é o presidente da subseção quem representa os advogados e advogadas da circunscrição”.

A advogada Elizangela Fernandes também crê em uma crise institucional na OAB-RN, que tem gerado descontentamento entre os profissionais da advocacia no Estado. “É assustadora essa percepção. Há uma crise de representatividade e de gestão. Boa parte da advocacia não se sente representada, nem respaldada, pela OAB-RN”, afirmou ela, enfatizando a falta de uma política efetiva para enfrentar as violações das prerrogativas dos advogados e a ausência de iniciativas para capacitar a advocacia potiguar sobre essas prerrogativas.

Ela apontou para a responsabilidade da instituição em representar toda a advocacia e não atender a interesses específicos ou restritos a apenas uma parcela da categoria.

“O que aconteceu na OAB Mossoró é um exemplo de desrespeito não só ao presidente daquela casa, mas também às advogadas e advogados que o elegeram”, criticou Elizangela, referindo-se ao cerceamento do direito de fala do presidente da subseccional de Mossoró, Hermeson, como um ato atentatório à democracia e à dignidade do advogado.

“Como inaugurar um espaço para a categoria profissional daquela região à revelia de quem preside a subseccional? O presidente Hermeson teve o seu direito de fala cerceado, na própria casa. Isso é ato atentatório à democracia, à dignidade do advogado. Calaram a voz do representante da maior subseccional do RN”, lamentou.