Pecuarista usou Agente Laranja, agrotóxico usado pelos EUA no Vietnã, para desmatar área do Pantanal

O pecuarista Claudecy Oliveira Lemes, de 52 anos, proprietário de 11 fazendas localizadas na região de Barão de Melgaço, no estado de Mato Grosso, é investigado por desmatar parte do Pantanal para plantar capim e fazer pasto para boi com Agente Laranja, uma substância altamente tóxica. As informações são do Fantástico, da TV Globo.

A justiça determinou que as propriedades de Lemes sejam temporariamente administradas por uma empresa designada até que todas as averiguações sejam concluídas.

Dessa mesma forma, uma equipe do programa realizou um sobrevoo na área afetada, revelando que a extensão do desmatamento abrange cerca de 80 mil hectares, equivalente à área urbana da cidade de Campinas, em São Paulo. 

Os investigadores afirmam que a intenção do fazendeiro era eliminar a vegetação mais alta, resultando em extensas manchas cinzentas na paisagem, composta por árvores completamente desfolhadas, consequência de um método conhecido como desfolhamento químico. Esse processo envolve a pulverização criminosa de toneladas de agrotóxicos sobre a mata preservada, provocando danos irreparáveis ao ecossistema. 

De acordo com as investigações, Lemes investiu tempo e recursos financeiros nesse empreendimento ilícito. Documentos fiscais apreendidos revelam que ele gastou aproximadamente R$ 25 milhões somente na compra de agrotóxicos ao longo de três anos. 

Jean Carlos Ferreira, fiscal da Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso, que inspecionou a área, afirmou que o uso indiscriminado de agrotóxicos não apenas resulta na destruição da vegetação, mas também afeta negativamente a fauna, principalmente os recursos hídricos da região. 

Segundo as autoridades estaduais, o fazendeiro utilizou 25 tipos diferentes de agrotóxicos, incluindo um composto contendo a substância 2,4-D. Especialistas alertam que esses produtos, devido à sua alta toxicidade, representam uma ameaça não apenas ao meio ambiente, mas também à saúde pública.

O professor Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso, diz que é a mesma presente na composição do chamado agente laranja, utilizado como arma de guerra pelo Reino Unido e Estados Unidos durante invasões a países asiáticos, principalmente utilizado na Guerra do Vietnã.

Da mesma forma, análises laboratoriais realizadas por peritos no Pantanal confirmaram a contaminação de amostras de vegetação, solo e água pelos agrotóxicos, classificados como altamente perigosos para o meio ambiente. 

Claudecy já possui antecedentes criminais relacionados a questões ambientais. Além das acusações atuais, ele é réu em dois processos anteriores, um por tentar modificar o curso de um rio e outro por desmatamento ilegal em área de preservação ambiental. Desde 2019, acumula 15 autuações por danos ao meio ambiente no Pantanal.

Durante o período em que realizava o desmatamento químico, o pecuarista estava obrigado a promover a recuperação da vegetação em suas propriedades, conforme acordo firmado com o Ministério Público. 

No entanto, as autoridades constataram que tais obrigações não foram cumpridas. Ana Luiza Peterlini, promotora de Justiça, afirmou à reportagem que as infrações cometidas pelo fazendeiro são graves e incluem o uso indevido de agrotóxicos, desmatamento em áreas protegidas e poluição decorrente da destruição da flora.

Embora ainda não seja possível determinar a pena que ele poderá enfrentar se condenado, as multas aplicadas já totalizam quase R$ 2,9 bilhões. Além disso, ele será responsável pela reparação dos danos ambientais causados ao Pantanal, estimados em mais de R$ 2,3 bilhões. 

As autoridades policiais também têm interesse em responsabilizar o piloto da aeronave utilizada para a aplicação dos agrotóxicos, Nilson Costa Vilela, e o agrônomo Alberto Borges Lemos, acusado de selecionar os produtos químicos utilizados. 

Os advogados de Claudecy Oliveira Lemes afirmaram ao Fantástico que seu cliente tem cumprido as obrigações estabelecidas no acordo com o Ministério Público de Mato Grosso. Já o advogado de Nilson Costa Vilela nega as acusações de despejo ilegal de agrotóxicos, afirmando que seu cliente apenas aplicou sementes nas fazendas mencionadas no inquérito. 

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