UFRRJ suspende aulas após morte de aluno em meio a guerra entre milícias na Baixada

A guerra entre três grupos milicianos em Seropédica, na Baixada Fluminense, sede da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) já dura quatro anos e na última segunda-feira (8), o estudante Bernardo Paraíso morreu durante um tiroteio entre os criminosos, no Centro da cidade.

Pela proximidade do município com a Rodovia Rio-Santos e com porto de Itaguaí, ele é considerado estratégico para grupos milicianos e por isso há disputa no território.

O conflito começou em outubro de 2020, quando um comboio com 12 milicianos foi abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Civil na Rio-Santos, na altura de Itaguaí. Houve confronto e todos os criminosos morreram.

De acordo com as investigações da época, o grupo era ligado ao miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera. Naquela época, ele e Wellington da Silva Braga, o Ecko, comandavam as duas principais milícias do Rio e agiam em parceria. Porém, após o confronto na Rio-Santos em outubro de 2020, eles começaram a desconfiar um do outro e passaram a atuar separados.

Em junho de 2021, Ecko foi morto pela polícia. Seu irmão, Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu o comando do grupo e foi quando os territórios na Zona Oeste e na Baixada que, antes, estavam sem confrontos, passaram a ser disputados à bala promovendo uma sucessão de mortes e atentados.

O grupo ligado a Zinho, que se entregou à polícia em dezembro do ano passado, controla a região que fica na altura do quilômetro 40 da antiga Rio-São Paulo. Essa região corresponde ao bairro de Chaperó, em Itaguaí.

O sucessor imediato de Zinho seria seu sobrinho, Mateus da Silva Resende, conhecido como Teteu ou Faustão. Mas ele foi morto durante uma operação da polícia, dois meses antes do tio se entregar.

Com a morte de Zinho, um verdadeiro dia de terror aconteceu na Zona Oeste do Rio, quando 35 ônibus e 1 trem foram queimados como represália. Porém, as disputas por território continuam até hoje.

Outro possível chefe do grupo também foi assassinado pouco depois da prisão de Zinho. Antonio Carlos dos Santos Pinto, conhecido Pit, foi morto depois de um confronto entre os próprios bandidos. O filho dele de 9 anos estava no carro e não resistiu.

Com a morte de Pit, o comando do grupo passou para o miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito.

A guerra se intensificou ainda mais desde fevereiro com a morte de Tauã de Oliveira, conhecido como Tubarão. O grupo dele exerce influência em uma região a cerca de nove quilômetros de distância de Chaperó, no chamado km 49, já em Seropédica. Poucas semanas depois, um dos possíveis substitutos de Tubarão, Ricardo Coelho da Silva, conhecido como Cientista, também foi morto.

A partir daí, mais um personagem assume a quadrilha. Juninho Varão passa a tomar conta do local e expande seu território.

Contudo, a guerra ficou ainda mais sangrenta depois que um antigo braço direito de Tubarão deu um golpe. O miliciano Jefferson Araújo dos Santos, conhecido como Chica, roubou fuzis e se aliou a facção de traficantes, Terceiro Comando Puro.

Na semana passada, agentes da PRF e da Polícia Civil tentaram prender Chica. Houve tiroteio e dois policiais foram baleados. O bandido fugiu.

Atualmente, a guerra em Seropédica acontece entre as milícias de Juninho, antigo aliado Chica e o grupo de Zinho.

O recente confronto de segunda-feira, próximo a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica fez a universidade suspender as atividades na terça-feira (9), pela morte do estudando da universidade. Duas crianças ainda foram feridas. A UFRRJ também declarou luto oficial de 3 dias.

Segundo informações de inteligência da Polícia Civil, um dos grupos criminosos passou o fim de semana de tocaia à espera dos rivais.

Como eles não encontraram os adversários, decidiram sair. Contudo, no meio do caminho de volta, no Centro de Seropédica, eles encontraram o bonde de Chica. O tiroteio aconteceu à luz do dia, numa região movimentada e cheia de estabelecimentos comerciais. O tiroteio vitimou o estudante Bernardo Vieitas Paraíso, de 25 anos, que levou três tiros e morreu na hora.

Uma mulher e dois filhos dela, uma menina de 3 anos e um menino de 1, também foram atingidos no tiroteio. Eles deram entrada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias.

O post UFRRJ suspende aulas após morte de aluno em meio a guerra entre milícias na Baixada apareceu primeiro em Hora do Povo.

Fonte: https://horadopovo.com.br/ufrrj-suspende-aulas-apos-morte-de-aluno-em-meio-a-guerra-entre-milicias-na-baixada/