Aquecimento de Oceano Atlântico é principal motivo para aumento de raios no RN

De janeiro a março, RN teve mais de 71 mil raios, aponta Emparn – Foto: Cosern/Reprodução

Somente no primeiro trimestre de 2024, foram registrados 71.601 raios no território potiguar, número que significou um aumento de 7,21% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o levantamento da distribuidora Neoenergia Cosern. O aquecimento do Oceano Atlântico, que banha o RN, é um dos principais motivos para crescimento de queda de raios no estado, isso porque o fator influencia diretamente na formação de nuvens cumulonimbus, associadas a tempestades com raios, segundo diz o meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), Gilmar Bistrot.

“Para se formar esse tipo de nuvem é preciso ter energia. Essa energia provém da temperatura e também bastante de umidade. Estamos aqui no Nordeste com condições favoráveis, os oceanos estão aquecidos, tanto o Atlântico Norte como Atlântico Sul, e isso está favorecendo a presença de instabilidade, outro fator importante para o desenvolvimento dessas nuvens”, explicou.

A região Oeste do Rio Grande do Norte tem destaque para o número de queda de raios, com municípios como Apodi, que concentrou um total de 7.124 raios entre janeiro e março, e Caraúbas, com registro de 5.253 raios neste período, segundo dados da Neoenergia Cosern. Bistrot esclarece que o aumento de ocorrências de raios à oeste do estado é mais comum por causa do relevo que existe no local. “Tem uma forçante que obriga o ar a subir na atmosfera, que é o relevo. Quanto mais região com relevo, mais fácil é a formação de descargas elétricas. As regiões oeste, principalmente as de chapada, onde tem relevo acentuado, tem mais facilidade de ter descargas”, completou.

Mesmo com outros fatores, o aumento de temperatura do oceano continua sendo a principal causa para o crescimento da queda de raios no estado, segundo o meteorologista da Emparn. No entanto, não é somente o Atlântico que sofreu com a alta de calor. Conforme os dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e do Reanalyzer Climático da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, as temperaturas globais dos oceanos batem recordes diários desde março do ano passado, situação que deixa as tempestades ainda mais intensas no mundo todo.

O fenômeno do aumento de raios provoca, ainda, danos ao sistema elétrico de todo o estado. A alta nas ocorrências desde o início de janeiro até o fim de março causou danos em 155 transformadores distribuídos nas regiões potiguares, de acordo com os dados da Neoenergia Cosern. A distribuidora informou ao Agora RN que todos os transformadores danificados foram substituídos e novos equipamentos foram instalados com o conjunto de para-raios acoplados com o objetivo de evitar danos por descargas atmosféricas na rede elétrica.

“Todas as 78 Subestações Elétricas fixas espalhadas pelo Rio Grande do Norte e mais de 130 Linhas de Transmissão são projetadas para serem protegidas de descargas atmosféricas e, além disso, a distribuidora instala novos para-raios conforme necessidade ao longo do ano”, disse a distribuidora, por meio da assessoria de imprensa.

Distribuidora orienta para casos de chuvas com raios no RN

A Neoenergia Cosern pontuou, ainda, algumas orientações para casos de chuvas e tempestades com raios no estado. Entre elas, buscar abrigo logo ao notar nuvens carregadas ou ouvir trovões, não utilizar equipamentos elétricos ligados à rede elétrica, não se abrigar debaixo de varandas, barracos e celeiros, não caminhar em áreas descampadas e não permanecer em rodovias, ruas ou estradas.

Outras orientações durante a tempestade são: Não subir em locais como telhados, terraços e montanhas, não tomar banho em praias, rios, açudes e piscinas, não ficar próximo a cercas de arames e objetos metálicos pontiagudos, não tomar banho utilizando o chuveiro elétrico, não falar ao telefone com fio ou utilizar o celular conectado ao carregador e evitar abrigar-se perto de árvores.

Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/aquecimento-de-oceano-atlantico-e-principal-motivo-para-aumento-de-raios-no-rn/